13 reasons why

Falar em suicídio pode incentivar ou serve de alerta?

A cada 40 segundos, um suicídio acontece no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). E o pior, é a segunda causa de morte entre pessoas entre 15 e 29 anos. Porém, falar sobre esse assunto pode incentivar um efeito manada entre as pessoas ou serve de alerta para que consigamos identificar o problema e evitá-lo?

O assunto está ocupando um espaço enorme na mídia nacional e mundial e tem sido discutido entre jovens e seus pais por conta do sucesso da série do Netflix 13 Reasons Why que retrata a vida de uma adolescente, que em 13 fitas cassetes, explica os motivos que a levou a cometer um suicídio.

 

angústias na adolescencia podem resultar em grandes problemas.

 

Nada tem de poético na cena em que a personagem tira a própria vida, inclusive a própria OMS recomenda não publicar cenas de suicídio, nem bilhetes suicidas, nem detalhes sobre o método utilizado para tirar a própria vida, num documento chamado SUPRE (Suicide Prevention Program).

São 13 capítulos onde diversos temas são abordados como bullying, sexo, abuso, frustrações, desesperança, traições. Mas de que maneira podemos ajudar?

Hoje os adolescentes convivem com o bullying e o cyber bullying. Essa é a linguagem do cotidiano dos adolescentes, nas nossas escolas, e muitas vezes dentro de nossas casas. É essencial que reaprendamos a nos comunicar com nossos jovens para poder orientá-lo da forma correta.

Para a psicóloga Angie Berutti, sem dúvida a série é uma oportunidade para discutir com filhos e alunos, os temas tocados no seriado, uma oportunidade para refletir e abrir caminhos de reflexão e conversa.

Na série, fica explicita, duramente a cena do suicídio, pode ser difícil de assistir e de digerir o nível da angústia e desespero da protagonista. E ao mesmo tempo, e um risco grande para adolescentes fragilizados, depressivos, ou que tenha algum transtorno psiquiátrico. “É importante pensar que pode ser sim um gatilho para adolescentes que estão passando por situações difíceis. Devemos ter muito cuidado porque pode acabar incentivando aqueles que já possuem algum transtorno psiquiátrico”, explica.

 

Série da Netflix abre discussões entre pais e filhos.

 

A grande dúvida é assistir ou não assistir. Cada caso deve ser super avaliado, até uma ajuda mais profissional nesse caso. Tudo vai depender de cada adolescente, da estrutura psíquica e o suporte familiar que cada pessoa tem, já que o suicídio pode ser inspirador para pessoas com transtornos psiquiátricos e com fragilidade emocional.

Para uma pessoa emocionalmente estável, pode ser sim uma oportunidade para refletir, mas para uma pessoa psiquicamente fragilizada, por ser a coragem e estimulante que faltava para tomar a decisão.

Por que assistir?? Porque precisamos falar sobre bullying, porque suicídio adolescente acontece, e não diminui pelo fato de não olhar, não falar e não pensar. Ainda temos nas nossas mãos a possibilidade de mudar o mundo por meio de nossos filhos. Existe suicídio adolescente sim, mas também existem adolescentes que cometem bulying, que fazem vítimas e que são violentos.

Todos conhecemos ou já convivemos com alguns dos personagens da série que recria estilos e personagens típicos do universo adolescente. Angie Berutti ainda ressalta que o fato é real. “Pessoas que estão pensando em suicídio, dificilmente pedem ajuda abertamente por isso é importante conversar muito, observar, qualquer mudança na rotina, nos hábitos, nas amizades de nossos filhos”, adverte.

Para Angie, a série tira a responsabilidade e a capacidade da personagem em fazer as próprias escolhas, foca demais na responsabilidade dos terceiros, “nas culpas dos culpados”, mas em momento nenhum tem uma autocrítica ou reflexão por parte da autora, da responsabilidade da personagem em decidir pelo suicídio.

“Em momento nenhum durante o seriado são destacadas as outras opções, quais alternativas a personagem tem frente ao suicídio?? Existem outras possibilidades?? Precisamos refletir e ensinar aos nossos filhos que toda ação tem uma consequência e precisamos sobretudo ensinar aos nossos filhos que eles não se tornem um dos 13 motivos na vida de outra pessoa.

Muitas perguntas ficaram sem respostas??? O que leva ao suicídio?? Poderia ter sido evitado?? Se ela tivesse procurado ajuda, mas ajuda de verdade, seria outra a historia?? Que e culpado? Há culpados?? Como continua a vida após o suicídio?? Os pais?? Os amigos??? Como podemos evitar que essas coisas continuem acontecendo com nossos jovens???

Essa é parte da história que podemos começar a escrever para nossos filhos e para os filhos de nossos vizinhos e fazer uma corrente do bem. É esse efeito em cadeia que devemos iniciar. Um mundo com respeito, tolerância, colaboração, compaixão e amor.

Respeito e amizade devem andar juntos para que crianças sejam adultos saudáveis.