O dia de colocar o DIU

Existem algumas dúvidas na vida que não dá para negar. Angústias que não tem como não passar e assuntos que não têm como se evitar.
Não sei se o parágrafo acima têm a ver com o post, mas enfim foi o que saiu e o que deu para hoje, para este momento.
Hoje eu coloquei o DIU.Foi de manhã. Um misto de alegria e tristeza ronda meu coração.
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acima: eu e meu “DIU card”
Não sei explicar, não sei o porquê, mas uma sensação de que “será que poderei ser mãe novamente” me assombra. Esta sensação de “controle” me assusta um pouco.
A Helena não foi programada, ela foi planejada (estava na listinha de desejos para 2011), mas não chegamos naquela fase de “hoje estou fértil” – “vamos amor?” . Eu parei de tomar o anticoncepcional antes de que a ansiedade de ser mãe me consumisse, ou seja, eu planejava ser mãe, mas em um futuro breve e assim foi: após quase 1 ano, engravidei. Não foi rápido, mas foi maravilhoso! Helena veio na hora certa, na hora que “Deus escolheu” por assim eu entendi.E foi ótimo. Foi tudo leve, tranquilo.
Mas agora, neste momento, eu decidi que não há tempo para engravidar novamente. Esta decisão está tranquila, aceita, mas me gera um medo, uma insegurança: será que eu poderei ser mãe daqui a 2 anos? Estarei com 34 anos, 35 será que conseguirei?
Estou em uma fase única de minha vida, acho que eu nunca me conheci tão bem. Faço terapia, estudo, escrevo no blog, tenho reconhecimento, aprendo a cada dia. Nunca olhei para mim como me olho hoje, estou bem, estou feliz e sempre em busca de mais conhecimento. Hoje é este sentimento que me move: conhecer e aprender.
A Helena está cada dia mais independente, e assim a gente vai retornando o olhar para si. Somos hoje companheiras, a gente conversa, se ajuda. Acho que quem é mãe entende. É um processo que demora um pouco a chegar.
E acho que é até necessário este olhar único para o bebê, e como para mim funcionou muito bem, não vejo o “ser mãe” de outra forma…então não dá para ser mãe agora.
Confesso que foi difícil a decisão de colocar o DIU. Deu um aperto no peito ao entrar na sala hoje…a vontade de dar uma irmãzinha para a Helena sempre foi grande, mas não consigo enxergar só esta vontade. É uma vontade que exige diversos outros valores que para mim são importantíssimos e que hoje eu não conseguiria dar. Me doar.
Enfim, é aquele velho ditado que a gente já conhece e que dói quando colocado em prática “cada escolha uma renúncia”. Não há escolhas sem renúncias.
E eu então, sonho um sonho, para daqui a alguns anos viver outro.